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A Amazônia Segura, viralizou!

A Amazônia Segura, viralizou!

12 de fevereiro de 2021

Tempo de Leitura: 8 minutos

A questão da Amazônia segura atingiu uma repercussão épica.

Estamos todos participando, querendo ou não, do surgimento de novos padrões comportamentais sem precedentes graças à combinação de satélites, internet, smartphones e canais sociais. Estamos hiper conectados, não apenas observando, mas opinando e compartilhando em volume e velocidade inéditos, e ainda não sabemos a potência que este tsunami de ideias e rupturas pode alcançar.

Um tema globalmente controverso, (in)conveniente e necessário para muitas causas. Os debates, sob o arcabouço das mudanças climáticas, aqueceram e enriqueceram a temática para todos os públicos, envolvendo pautas extremamente críticas e fundamentais na busca por soluções.

E apesar de crescente, podemos considerar recente a macro-percepção de que os recursos são finitos, que o mundo está ficando escasso e aquecido, e que precisamos produzir mais alimentos com menos recursos naturais, afinal, e inclusive, já temos e estamos em overshoot day. No entanto, é preciso mais clareza no reconhecimento do valor dos produtores, e que a posse da terra e o seu direito de exploração sejam decisões de cada país e seus indivíduos.

Há que aproveitar a beleza do mundo conectado e da tecnologia disponível, pois hoje já é possível individualizar as responsabilidades, as ações, as penalidades, as punições, os reconhecimentos, os prêmios, e tudo isso com muita transparência.

Enfim, chegou a hora!

Temos a oportunidade e o benefício da confusão, o ambiente é fértil e o momento propício, para desenvolver reflexões essenciais sobre o bem comum, a soberania das nações e os direitos e deveres legais dos indivíduos. 

Quais são; a quem pertence; e a quem importa “os custos e as oportunidades de manter a floresta em pé e segura”?

Ter uma base comum de conhecimento, é pré-requisito para que essa atual geração possa realmente surfar este momento, transformando críticas, discórdias e ataques, em um novo modelo de gestão do ativo (comum global) florestal.

Com isso, o próximo desafio é a capacidade de qualificar as áreas com floresta em 6 critérios chaves:

1. influência hídrica; 2. biodiversidade existente; 3. carbono estocado; 4. aptidão agrícola; 5. relação fundiária; 6. legislação aplicável.

Com toda a floresta mundial classificada desta forma, é natural que a floresta amazônica seja reconhecida como ativo global, e percebida pelo seu diferencial nos seis critérios, e então, vai tornar os diálogos sobre a posse, usufruto, direitos e proteção mais coerentes.

É preciso explicitar o benefício que a Amazônia, enquanto floresta em pé, traz ao mundo e também conscientizar que a Amazônia em si, transcende muito a floresta, pois trata-se de um complexo ecossistema composto por diferentes e interdependentes climas, solos, subsolos, águas, terras, povos, riquezas e territórios que precisam ser levados em consideração em qualquer discussão sobre este importante ativo do Brasil.

Diante de notícias e manchetes, que distorcem pesquisas e ciência, e que mais confundem do que esclarecem, vale reforçar alguns números e premissas ao público.

Por exemplo, que a distribuição territorial da Amazônia, sua maior parte ~60 % está no Brasil, e outros ~30% com quatro vizinhos, Peru, Colômbia, Bolívia e Venezuela, e os ~10% restantes na Guiana, Suriname, Equador e Guiana Francesa, e como um todo, a floresta Amazônica representa pouco mais de 17 % dos quase 4 bilhões de hectares de floresta em todo o mundo.

E também, que o controle das queimadas e do desmatamento, assim como o questionamento sobre os sistemas de monitoramento atuais, podem ser respondidos e ou aperfeiçoados usando uma combinação tecnológica, baseada em inteligência territorial, gamificação, dados multi-fonte, federação de dados, blockchain, machine learning, virtual analytics e claro, uma boa dose de IA, aplicados na dinâmica de posse, uso e exploração da floresta. Logo, a cada aprofundamento no tema, percebe-se que a complexidade fundiária-ambiental-produtiva requer uma reflexão mais ampla e holística, respondendo também a outras questões chave, como: A floresta em pé é de quem? Quais são os benefícios globais de manter a floresta em pé? Qual é o valor da floresta em pé? Quem é que paga pra manter a floresta em pé?

Manter a floresta em pé, afinal é responsabilidade de quem?

Chegou a hora de esclarecer o quanto a Amazônia representa de todo o estoque de floresta tropical do mundo, que valor essas florestas têm para a humanidade, de quem é a responsabilidade de proteger, de quem são os custos de preservação e quais são os benefícios possíveis e assim, quem sabe, podemos evoluir nas discussões e proposições sobre o futuro da Amazônia.

O primeiro ponto, passa pelo quão fundamental é ter definições comuns para floresta e desflorestamento, e estes representados por mapas confiáveis e atualizados. E sempre, lembrando que todo mapeamento é uma representação da realidade com algum nível de distorção, e que os resultados são decorrentes dos dados básicos, gerados por satélites de observação da Terra.

É importante reforçar também que hoje existem constelações que revisitam a Terra sistematicamente, sendo duas delas, Landsat (~ 16 dias) e Sentinel (~5 dias), utilizadas globalmente pela qualidade dos seus dados, e pelo acesso e disponibilidade gratuitos.

Portanto, o foco deve ser na entrega dos alertas diretamente aos diversos atores interessados e capazes de agir com rapidez e eficácia, gerando assim um cenário favorável ao desenvolvimento e implementação de soluções.

Como referência prática, estimando os custos principais, como: insumo orbital, interpretação territorial, registro em blockchain, armazenamento em cloud inteligente, e disponibilidade de acesso por público de interesse, temos um valor médio de US$ 0,44 por km² observado.

Considerando esses valores, e visto que a Amazônia no Brasil, têm ~416 milhões de hectares de superfície territorial, para aplicar um monitoramento eficaz, por decêndio, temos aí um custo total de (36 decêndios * 0,44 US$/km² * 4,16 milhões km²) ~90 milhões de dólares por ano, para monitorar, com credibilidade, continuidade e transparência, toda a Amazônia brasileira, e bem de perto.

Se considerarmos valores atuais médios para preço de terras de agricultura (US$ 5.000/há), ou de pastagem (US$ 3.000/há), ou de vegetação nativa (US$ 1.000/há), temos um valor (estritamente) imobiliário, que pode ser capturado, na ordem de 2 trilhões de dólares. Enfim, temos um custo de monitoramento representando menos de 0,02% do valor equivalente das florestas.

E uma vez que, além do valor estimado das florestas, e ao considerar outros valores indiretos, como PSA, e que existem trilhões de dólares, à capturar em valor imobiliário, fica então, a provocação de como o mundo pode compensar o Brasil, produtores, indígenas e comunidades amazônicas neste desafio altruísta de manter a floresta em pé, em prol de toda a humanidade.

E já que a Amazônia viralizou, e ela é vista como bem comum do mundo, que tal um plano de custeio e investimento global? Se cada cidadão e ou internauta quiser, de fato, resolver o problema, basta colaborar via crowdfunding, com US$ 0,05 para monitorar cada ‘campo de futebol’ amazônico. Seria uma espécie de cota de proteção e interesse global, garantindo assim, pelo menos o custo de monitoramento.

Enfim, não parece uma questão de dinheiro, dados, sistemas, satélites ou estatísticas, mas sim da maturidade geopolítica das Nações e das Populações, em tratar com respeito e transparência o valor de um bem brasileiro, com preço em ascensão, alto interesse global, e um enorme potencial de influência na vida da população mundial.

Pense fora da (sua) caixa, considere a Amazônia um bem de todos, mas que tem dono, valor, leis, custos, e direitos de uso pré-estabelecidos.

A Amazônia agradece!


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